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Os memes como exercício de contrapoder 

a discursos político-midiáticos

Uma reflexão a partir dos debates eleitorais de 2014

Ricardo Sékula

As eleições presidenciais de 2014 ficaram conhecidas como as “eleições da zueira”. De um modo bastante significativo os memes tornaram-se uma forma usual e divertida de comentar os mais diversos acontecimentos da cena política. Seu poder de concisão, adequado ao formato da internet, e sua linguagem popular, garantiram bem mais do que boas risadas.

* Pesquisa realizada durante o Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina - Linha 2:  Tecnologias, linhagens e inovação em Jornalismo - Orientação do Prof. Dr. Antonio Brasil - Pesquisa financiada pela CAPES.

A presente pesquisa* estabelece parâmetros para compreender esse fenômeno, avaliando sob que aspectos os memes podem funcionar como um exercício de contrapoder aos discursos político-midiáticos. Para tanto, busca nos memes sobre os debates eleitorais para Presidência da República de 2014, da Rede Globo, elementos para entender e problematizar a questão. Este site reúne os 1.555 memes que compõem o corpus de análise, organizados a partir das esferas de análise propostas pela pesquisa.  Uma forma de facilitar a consulta ao material empírico que, uma vez disponível, também pode servir de base para novos olhares e proposições sobre o tema em pesquisas futuras.

Para além da piada, seus usos perpassaram pela ressignificação dos discursos, pela caracterização dos atores envolvidos no processo e pela exploração de novos ângulos da informação. Servindo aos mais variados interesses, os memes tornaram-se mecanismos de ataque e defesa, de disseminação de ideias e informações – fossem elas falsas ou verídicas -, de críticas e de apoio a ações políticas. Nesse contexto caótico e incerto, ora funcionaram como um contraponto aos discursos políticos e midiáticos, ora como uma forma de reforçá-los, reafirmando estereótipos e contribuindo para polarização do debate. Desempenharam assim um papel central na composição da cenografia eleitoral, construída na interação entre os canais tradicionais de comunicação e os novos espaços de discussão pública.

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